Uma palavra de três sílabas vem ocupando cada vez mais espaço no vocabulário: exaustão. E não é para menos. Em quase dois anos de pandemia, o home office cruzou os limites entre casa e trabalho, fazendo com que a vida pessoal e a profissional se misturassem nem sempre de maneira salutar. O resultado é uma explosão de casos de burnout.

Em pesquisa encomendada pela Microsoft e realizada em oito países pela empresa de análises Harris, no fim de 2020, foram os brasileiros que relataram ter maior impressão de estarem sendo afetados pela síndrome: 44% dos participantes disseram que a pandemia aumentou a sensação de exaustão no trabalho.
Mas não estamos sozinhos: relatório da American Psychological Association (APA) de 2021 aponta que o burnout está em alta em todas as profissões: 79% dos norte-americanos entrevistados descrevem estresse decorrente da atividade laboral.
A partir do primeiro dia de 2022, o burnout ganhou ainda mais holofotes com a resolução da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nessa data, passou a vigorar a 11ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 11), no qual a condição é descrita como “processo de adoecimento decorrente da exposição ao estresse crônico no ambiente de trabalho”, não a associando mais ao trabalhador e, sim, à atividade profissional e à empresa.
“Ao mudar a percepção da legislação, há uma virada no jogo. Cria-se responsabilidade legal dos ‘tiranossauros rex’ da gestão”, diz o psiquiatra e PhD Roberto Aylmer.
O esgotamento provocado pelo burnout não é um simples cansaço que pode ser resolvido em 30 dias de férias. A síndrome tem sintomas próprios, como sentimentos de esgotamento de energia, aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, negativismo e cinismo relacionados à atividade laboral e redução da eficácia profissional.
“Também é comum a pessoa desenvolver irritabilidade, ter alterações no sono, acordar no meio da noite para checar e-mails e WhatsApp e passar mal antes de ir trabalhar”, complementa a psiquiatra Danielle H. Admoni.
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