O Blog Vianensidades brinda os seus leitores com o Cordel do Baixadeiro, de autoria do professor e bancário Aldo de Jesus Muniz, 62 anos, nascido em Monção-MA. O poeta faz uma homenagem ao lugarejo Barro Vermelho, que mais tarde virou a cidade de Cajarí, também na Baixada Maranhense. Confira abaixo o traquejo do autor, e seus conhecimentos dos costumes e do vocabulário Baixadês.
Sou baixadeiro da gema
Baixada do Maranhão
Comedor de tripa assada
Toucinho assado na brasa
Arroz pelado no pilão
Piaba no espetinho
Jussara com camarão
Sou baixadeiro da gema
Do leite do Babaçu
Como xibé com pimenta
Até botar fogo da venta
Não rejeito um bom pandu
Como até gongo de coco
Carne seca com angu
Sou baixadeiro da gema
Não temo a sucuruju
Jacaré? Nem me balança
Gosto de uma festança
Da terra de pretos velhos
Comedor de anojado
Adoro cupuaçu
Sou baixadeiro da gema
Sou igual ao carcará
Como inté cobra queimada
Jabiraca mal assada
Com caroeira no alguidá
Mussum no leite de coco
Cozido de jurará.
Sou baixadeiro da gema
Adoro um boi de matraca
De zabumba ou pandeirão
Passo as noites de lua
Amanhecendo na rua
Tomando uma catuaba
No boi de Costa de mão.
Sou baixadeiro da gema
No baticum do tambor
Nas festas de São Benedito
Eu sempre faço bonito
Quando mulher roda a saia
E no terreiro se espalha
Exalando cheiro de amor
Sou baixadeiro da gema
Eu sou assim, meu senhor
Da trizidela do lago
Jamais eu mudei de lado
Respeito os santos do dia
Dou gracas graças a ave maria
Por devoção e penhor.
Fico muito lisonjeado com a publicação desse cordel
Apesar de pequeno, considero parte do retrato fiel do caboclo baixadeiro. É uma síntese da gente humilde dessas bandas do Maranhão.
Obrigado.